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A nova desordem mundial é o tema dos seminários do programa “USP Pensa Brasil” 2025

Durante uma semana, a USP será palco de conferências em que serão discutidos temas como o multilateralismo, a plutocracia e a crise da democracia, ciência sob ataque, big techs, inteligência artificial e soberanias nacionais

Por Eliete Viana (Jornal da USP)

“Alguma coisa está fora da ordem
Fora da nova ordem mundial
Alguma coisa está fora da ordem
Fora da nova ordem mundial”


Refrão da música Fora de Ordem, de Caetano Veloso

O refrão da música Fora da Ordem, de Caetano Veloso, escrita e lançada em 1991 pelo compositor e cantor, continua atual mesmo após 34 anos. Nesta canção, Caetano expressa seu desconforto com as transformações globais do pós-Guerra Fria, especialmente a exclusão do Brasil e de seus problemas internos diante da chamada “nova ordem mundial”.

Com o tema O Brasil e a nova desordem mundial, o USP Pensa Brasil de 2025, que será realizado entre os dias 29 de setembro e 3 de outubro, as incertezas do tempo presente serão refletidas para avaliar se uma “nova ordem” mundial deve fortalecer as instituições e compromissos internacionais constituídos no pós-guerra ou investir em novas instituições e acordos que possam atender às demandas e angústias da sociedade do século 21. 

Durante uma semana, pretende-se discutir a nova desordem mundial a partir de diferentes prismas com a participação de ex-embaixadores, ministros do governo, professores universitários, jornalistas e representantes da sociedade civil das áreas de economia, política, relações internacionais, saúde e ciência. O tema não poderia ser mais atual. Em fevereiro deste ano, quando começaram as reuniões de organização do evento, as primeiras tarifas impostas aos países por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, já tinham sido anunciadas e assinadas por ele. Mas a tarifação ainda não tinha atingido o Brasil, o que veio a acontecer em 9 de julho, quando Trump enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva informando que as exportações do Brasil seriam taxadas em 50% a partir de agosto.

“O USP Pensa Brasil está acompanhando a agenda pública brasileira e mundial, pois a agenda brasileira está diretamente conectada à dinâmica mundial”, destaca a idealizadora e coordenadora geral do USP Pensa Brasil, Maria Arminda do Nascimento Arruda, que também é vice-reitora da USP.

Ela salienta que a proposta do debate sobre O Brasil e a nova desordem mundial demonstra que a Universidade está antenada com as questões atuais mais urgentes e comenta sobre o contexto político e econômico em que estamos inseridos.

“Estamos vivendo um momento dificílimo, que é um momento não só das guerras, mas da Europa se rearmando, em que as instituições multilaterais estão enfraquecidas. É um momento de crise da democracia, em que há um domínio plutocrático das plataformas digitais, em que a ciência está sendo desacreditada, com pais deixando de vacinar seus filhos; e que a inteligência artificial e as soberanias nacionais precisam ser discutidas. Temas atuais que se inserem no bojo deste novo mundo e que já vinham neste processo muito complexo”, diz Maria Arminda.

O coordenador curatorial do USP Pensa Brasil, Alexandre Macchione Saes, corrobora a relevância das discussões sobre o tema. “USP Pensa Brasil de 2025 enfrenta um dos maiores desafios da contemporaneidade: a enorme instabilidade produzida pela ‘desordem internacional’. Crise das instituições multilaterais, questionamentos da ciência, emergência de uma plutocracia global, são impasses da maior magnitude que reduzem qualquer margem para a construção de projetos nacionais. O seminário pretende, nesse sentido, oferecer reflexões como o Brasil pode se inserir em um ambiente tão imprevisível”, frisa Saes, que também é diretor da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP.

USP Pensa Brasil é uma iniciativa da Vice-Reitoria da USP com apoio da Reitoria, e conta com a programação de vários órgãos da Universidade: Reitoria, Vice-Reitoria, Pró-Reitorias, museus e institutos. 

Neste ano de 2025, o projeto foi institucionalizado e agora está vinculado ao Centro Observatório das Instituições Brasileiras (COI), um dos nove centros de estudos ligados à Reitoria, que tem a finalidade de monitorar o funcionamento presente e o debate sobre as transformações das instituições no futuro próximo, as quais são consideradas neste projeto em seu sentido mais amplo, cobrindo desde o núcleo familiar, passando pelas formas coletivas de organização (sociedade civil) até as instituições de Estado e o sistema federativo brasileiro.

Programação do USP Pensa Brasil 2025

Seminários discutem a desordem mundial sob diferentes prismas

Na abertura do evento, no dia 29 de setembro, o tema geral O Brasil e a nova desordem mundial será abordado em uma conferência ministrada pelo embaixador Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais. Amorim foi ministro das Relações Exteriores dos governos de Itamar Franco (1993-1995) e de Lula (2003-2010). A interlocução ficará a cargo do professor Pedro Dallari, diretor do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP.

No dia 30 de setembro, também às 19h, acontecerá o debate O enfraquecimento das instituições multilaterais, com o diplomata Rubens Barbosa; a professora associada do Instituto de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Monica Herz; e o diplomata Rubens Ricupero. A mediação será do secretário de Redação do jornal Folha de S.Paulo, Vinicius Mota. 

No dia 1º de outubro, o tema será Plutocracia e a crise da democracia, com a participação do jornalista Martim Vasques da Cunha; da ativista e diretora executiva da Oxfam Brasil, Viviana Santiago; e do jornalista  Bernardo Mello Franco.  O debate será mediado pelo professor do IRI-USP, Felipe Loureiro.

Ciência sob ataque será o tema do seminário no dia 2/10, que terá como convidadosa socióloga e ex-ministra da SaúdeNísia Trindade; o professor da Faculdade de Medicina da USP Paulo Saldiva; e o engenheiro e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Carlos Pacheco.  A mediação será do jornalista Marcelo Leite.

Uma conferência com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, sobre Big techs, inteligência artificial e soberanias nacionais, encerrará a programação da semana no dia 3/10. A interlocução do evento será da vice-reitora da USP, Maria Arminda do Nascimento Arruda.

Toda a programação de seminários será realizada a partir das 19h. 

Além dessa programação, nos outros quatro dias do evento, de 30 de setembro a 3 de outubro, de terça a sexta-feira, as atividades começam mais cedo com a realização de mesas de reflexão, às 14h e às 16h30, com discussões promovidas por quatro Pró-Reitorias da USP: Graduação, Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação e Inclusão e Pertencimento; pelo Instituto de Estudos Avançados (IEA); pela Reitoria da USP; pelo Centro Observatório das Instituições Brasileiras (COI) e Núcleo de Estudos da Violência (NEV); e pelos quatro museus da USP – Arte Contemporânea, Arqueologia e Etnologia, Paulista e Zoologia – e o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB).

Às 18h30 serão realizadas as apresentações artísticas dos centros de cultura da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU): Cinema da USP (Cinusp), Coral da USP (Coralusp), Orquestra Sinfônica da USP (Osusp) e Teatro da USP (Tusp).

Como participar

Quando: 29/9 a 3/10, na segunda-feira, a partir das 19h; e, nos outros dias, das 14h às 21h30.

Onde: Auditório István Jancsó, do Espaço Brasiliana, na Rua da Biblioteca, 21, na Cidade Universitária, em São Paulo, com exceção da apresentação teatral do TUSP, que será no Anfiteatro Camargo Guarnieri, na Rua do Anfiteatro, 109, a 650 metros do auditório.

Quanto: Todas as atividades do evento são gratuitas. As inscrições podem ser feitas pelo site pensabrasil.usp.br. Serão fornecidos certificados de participação para os inscritos nos seminários e debates.

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