Localizado na Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, o Conjunto Residencial da USP (CRUSP) é formado por oito blocos, que abrigam 1.163 estudantes de graduação e pós-graduação da USP. As vagas são destinadas a alunos com vulnerabilidades socioeconômicas selecionadas pelo PAPFE e geridas pela Coordenadoria Vida no Campus da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP).
Desde 2022, a PRIP realizou consultas, audiências públicas e sucessivas reuniões com os moradores para definir um plano de recuperação do conjunto residencial e melhoria das condições de vida dos estudantes. A preocupação com a segurança foi uma das demandas mais urgentes apontadas pelos moradores do CRUSP.
Atualmente, moradores recebem vagas em apartamentos coletivos com quartos individuais. Os prédios também possuem espaços comuns para a realização de atividades coletivas, como cozinhas, lavanderias, salas de estudo e de convivência.
Entre as ações já realizadas para a recuperação do CRUSP como moradia estudantil estão a descupinização de todos os prédios, a troca de colchões e mobiliário dos apartamentos, a inauguração e instalação de 15 novas máquinas na lavanderia central, a recuperação de cozinhas coletivas e a instalação de interfones, bebedouros e bicicletários. Novos contratos para garantir o funcionamento dos elevadores e a instalação de equipamentos de segurança estão sendo finalizados.
Nesta semana, seriam instalados portões e realizadas adequações nas portarias (câmeras, pintura e mobiliário) dos prédios. Como em qualquer condomínio residencial, os portões evitariam que o espaço ficasse vulnerável à presença de pessoas externas à comunidade e reforçariam a segurança dos moradores do conjunto.
O anteparo seria posicionado ao lado da portaria, antes do acesso à escada. Seguindo as regras que já fazem parte do cotidiano dos moradores, os membros da comunidade universitária podem entrar com a apresentação da carteirinha de identificação da USP, já os visitantes externos podem entrar após realizar o registro na portaria e serem autorizados pelo morador.
A proposta da nova portaria elaborada pela PRIP foi apresentada à comunidade do CRUSP em diversas reuniões abertas, ao longo do primeiro semestre de 2024, com oportunidades para debate e esclarecimento de dúvidas sobre as intervenções.
Entretanto, parte dos moradores ainda resiste à instalação dos portões. Apesar do diálogo e dos esclarecimentos, insistem em dizer que estamos buscando impedir o livre acesso dos estudantes e confiná-los nos prédios. Atos violentos impediram o início da instalação dos portões no último dia 14 de agosto.
Diante da lamentável violência, propusemos uma nova etapa no processo de diálogo democrático, que se soma a reuniões e consultas realizadas anteriormente. A consulta aos moradores, desta vez, foi feita utilizando o sistema de votação da Universidade (Helios Voting), garantindo aos moradores que voto fosse secreto e não identificado. Votaram 553 moradores, sendo 12 votos nulos e 51,6% favoráveis à instalação dos portões.
Ainda que o resultado seja positivo, a PRIP mantém-se aberta à manifestação dos moradores e reconhece que existe, entre eles, grande tensão, resultando em situações de assédio e ameaças. Nesse sentido, decidimos continuar construindo um diálogo democrático com os moradores do CRUSP para definir as ações a serem realizadas.
O CRUSP é parte da Universidade e deve ser moradia estudantil que permita aos estudantes em situação de maior vulnerabilidade socioeconômica uma condição digna que colabore para a realização plena de sua vida estudantil. A preocupação com a segurança dos moradores é enorme. Recebemos cotidianamente denúncias de furtos, assédios e demais violências. As ações da PRIP têm por único objetivo melhorar a qualidade de vida dos moradores.
Nova portaria
O projeto da nova portaria foi elaborado para se adaptar ao hall de entrada do prédio, com um balcão para permitir a comunicação com os porteiros e dois portões: um portão simples para a entrada e saída de moradores e visitantes, e um portão duplo, para casos de emergência. Os portões foram dimensionados para funcionar como uma saída de emergência, em casos de incêndio ou passagem de equipes médicas, por exemplo.
Como explica o arquiteto responsável pela reforma do conjunto, Artur Duarte, “a nova portaria dos prédios possibilita ao morador do CRUSP contar com uma estrutura de segurança, como em qualquer outro prédio residencial em São Paulo”.
A equipe que atua nas portarias está passando por um treinamento para alinhar os procedimentos de abordagem dos visitantes, coleta de informações para o registro e como atuar em casos de emergência.
